sexta-feira, 22 de abril de 2011

Alguma coisa sem pé nem cabeça que terminou na minha família.

Costumo dividir as pessoas em três categorias: as aceitáveis (cerca de 1/96817361340345 da população), as falsas e as inconvenientes. Considero como "aceitáveis" as pessoas que possuem um nível razoável de semancol e sinceridade (as pessoas que são inteligentes, lindas, tem bom gosto, etc, são mais do que aceitáveis e podem comparecer imediatamente a minha casa, se quiserem). Eu sou meio tapada e quase nunca percebo quando a pessoa tá sendo falsa (sim, eu sou desligada a esse ponto). Só sei que ser chamada de querida é uó, maior falsidade impossível. Mas pera aí: querida não é um jeito afetivo de se referir a alguém? Isso não tem lógica, mas é assim que as coisas são e fim. Eu rodo a baiana quando alguém me chama de querida (na verdade eu só fico puta, mas "rodo a baiana" me soou mais legal). Falsidade e mulher são como unha e carne, computador e internet, professor e falta de sexo, escola e tédio, minha mãe e chatisse, eu e belez... mas pera aí. Enfim, falsidade é uma coisa da qual todos nós entendemos (menos eu), então não vou ficar falando disso aqui (vamos fingir que eu não vou falar de falsidade porque todo mundo sabe do que se trata, e não porque eu mesma não sei falar de falsidade). Pessoas inconvenientes poderia ser o nome da minha escola. Ficaria melhor (e mais sincero) do que o nome atual. Sabe quando você tá quieta no seu canto e fulano chega perguntando qual o seu twitter? E você é praticamente obrigado a mentir que não tem twitter? Que coisa chata. Eu tenho a leve impressão de que inconveniente é o nome do meio da minha mãe, e ela me esconde isso. Só pode ser isso. O que faz uma mulher adulta com três filhos dizer "QUE CHEIRO DE BOCETA AZEDA" quando chega em casa e vê eu e as minhas amigas no quarto? Eu juro que não entendo. Ou então quando ela resolve dar uma de mãe-engraçada-e-enturmada e começa a conversar com as minhas amigas sobre gatinhos. Sim, minha mãe chama meninos de gatinhos. Ela olha pra TV, aponta pra algum cara e diz "olha só que gatinho". Dois segundos depois ela vira pra algumas das minhas amigas (pra mim não, porque no momento eu to com a cara em qualquer lugar menos na TV) com uma expressão hein-hein-eu-sei-que-voce-concorda-comigo-hein-hein. Meu pai também tem um lado meio inconveniente (cerca de 99,9% dele, isso quando ele não tá bêbado... eu nem vou comentar o que acontece quando ele tá). Uma roda de amigos. Eu. Ele. Minha mãe. Meu irmão. Minha irmã. Todo mundo ali, junto. Adivinhem a frase que ele resolve dizer? "A natália só vai casar com mais de 50 anos. E só vai poder sair de casa sozinha com o namorado aos 39". Ele diz isso em 60% das jantas que a gente tem com os amigos dele. Uma vez a gente tava viajando, tava tocando música e todo mundo cantando, maior descontração etc e tal. Óbvio que eu me empolguei um pouquinho e comecei a gritar feito um babuíno boboca balbuciando em bando. Meu pai virou pra trás, fez uma expressão de ganhei-na-mega-sena, olhou pra minha mãe e disse "bem, a natália canta bem". Claro que todo mundo no carro olhou pra mim, e meu pai me mandou cantar. Sim, ele me mandou cantar. E ainda me chamou de chata quando eu me recusei a cantar pra todo mundo avaliar se eu cantava bem ou não. Minha avó também sabe ser inconveniente, aquela linda. Mas é um inconveniente legal, do tipo que só ela consegue ser. Hoje mesmo ela começou a me interrogar.
Conversa entre eu e minha avó ás 15h no sítio da minha tia:

- Vamo embora logo vai
- Pra que? Que que você vai fazer lá, Natália? Por acaso você tem algum namorado?
- Não vó, não tenho.
- É o filho do carreira né?
- Não, vó.
- Então é o filho do Mauro. Certeza.
- Não, vó. Não é ele.
- Ah, então quer dizer que tem alguém?
- NÃO VÓ, NÃO TEM NINGUÉM. VAMO EMBORA AGORA????
- Tá bom. Tá.

Tem a minha tia também, que sempre me faz ir dar um beijo nela quando me vê na rua (mesmo que eu esteja a metros de distância), e o meu avô que tem crises de carência e começa a fazer drama quando eu digo "oi" e não abraço ele. Aliás, se eu continuar falando, vou acabar citando a minha família inteira. Aliás, acho que sou adotada. Acho também que o sobrenome da minha família devia ser inconveniente. Bom, nós não somos do tipo mais aceitável, mas também não somos falsos. Ah, com certeza eles não são falsos. E eu realmente me orgulho deles.

4 comentários:

  1. Aw, você é adorável, Natalia. Adorei o post, ficou ótimo. Ri muito. Aliás, sempre rio muito com seus posts.

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  2. adorei muito o post ghasgjasd

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  3. Sua família é parecida com a minha rs. Me mata de vergonha em todos [t-o-d-o-s] os lugares que vamos, mas também me orgulho deles, porque graças a Deus não são falsos.

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  4. "– Mais uma dose, por favor. – Ela bateu com o copo no balcão, se apoiando logo em seguida. Estava ficando cada vez mais difícil ver as coisas com nitidez. Aquela já era a sétima dose, um total exagero para ela que não tinha costume de encher a cara, ainda mais em um pub super badalado, em uma noite de sábado, completamente sozinha em meio àquela multidão."

    Você lembra dessa história? Fiz uma continuação pra ela. Dá uma olhadinha lá no blog.

    Beijos :*

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