segunda-feira, 20 de junho de 2011

Balões.

Querida Tori, como foi seu dia? Que horas acordou? No que pensou ao abrir os olhos? Quando você abriu a janela do quarto, como estava o céu?
Falando em  céu, Tori, mamãe me disse que você foi pra lá. Eu fiquei meio confusa, porque afinal você não sabe voar. Ou sabe? Fiquei imaginando por horas como você conseguiu chegar aí. Você usou balões? E por que diabos você não me levou, Tori? Eu adoraria estar aí com você, andar sobre as nuvens e talvez até come-las, já que elas são feitas de algodão doce. Você lembra quando me comprou treze algodões doces, aquele dia no parque, e eu comi tudo e passei mal? E você ficou toda preocupada.
Sabe Tori, acho melhor você voltar logo. Tô começando a sentir sua falta, e eu não gosto dessa sensação. Parece que estão esmagando o meu peito em trilhões de pedacinhos. Eu disse pra mamãe que queria ir pro céu com você, e ela não fez uma cara muito feliz. Não entendi muito bem, mas a mamãe nunca fez sentido. Só você fazia sentido. Ai Tori, volta logo, vai. Ontem eu comecei a chorar e gritar que queria você, que só você me entendia e me abraçava do jeito que eu gosto. Aí a mamãe começou a chorar e se trancou no quarto. Acho que ela tá ficando doida. Daqui uma semana é o meu aniversário e ela ainda não comprou as velinhas com o número 9, vê se pode! Você sempre comprava as velinhas um mês antes.
Tô achando que vou atrás de você. Vou pegar as bexigas do meu aniversário escondido e fazer um balão enorme com elas. E aí vou te fazer uma surpresa. Que tal, Tori? OK, não vai ser mais surpresa, agora que vou te mandar essa carta contando. Mas será que você pode fingir que não sabia e fazer cara de surpresa? Daquelas bem feitas mesmo, com a boca quase se separando de tão aberta e os olhos parecendo duas birocas (não das de 10 centavos, as de 50 centavos mesmo). Vou levar pirulitos. Os nossos prediletos. Aqueles de coração, pequenos e tão moles que derretem na boca.
Acho melhor eu começar a organizar as coisas, então vou ter que acabar a carta logo, porque tenho que ir na venda da esquina comprar os pirulitos e encher o saco da mamãe pra ela me levar ao mercado. Desde que você se foi, o cara da venda da esquina sempre me olha como se eu estivesse com câncer, queria que você estivesse aqui pra gente rir da cara dele. Por que você tá demorando tanto pra voltar, Tori? Que lerda. Você nunca foi de demorar muito, sabe. Mas isso não importa, porque eu tô indo te encontrar. Guarda algumas nuvens pra mim, porque eu vou estar com fome e você sabe como eu amo algodão doce. E se prepara pra me dar o melhor dos melhores abraços do mundo. Eu sei que não vai ser difícil, porque você tem o melhor abraço do mundo. Ops, tô falando demais e a mamãe já me gritou. Até daqui uma semana, que mais parecerão milênios.

Com todo o amor do mundo,

Annie.

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