terça-feira, 9 de agosto de 2011

Um pedido.

A vida é uma merda, mas tem gente que gosta de piorar. Com "gente" eu quero dizer todo o tipo de pessoa que não é, não parece ou não deveria ser denominada "gente". Cocota com saia invisível (só tem a calcinha mesmo porque eu não vejo a saia), playsson com "você quer" tocando no último volume no celular (que no caso tá enfiado no bolso ou na mão, sem fone de ouvido), mãe que não sabe controlar o bebê e o filho da puta fica berrando até os seus tímpanos virarem pó, pessoa fedida que acha que tá cheirando a 202 Carolina Herrera, fumante que acha que todo mundo é obrigado a inalar a porra da fumaça dele, professor falando "o futuro tá aí, vocês tem que estudar pra virar alguém na vida" (como se agora eu fosse nada na vida, só um corpo totalmente descartável), minha mãe mandando tomar vergonha na cara, sair do computador e estudar, dedo duro na sala de aula que aponta todas as pessoas que estavam fazendo bagunça enquanto o professor foi na direção pegar alguma coisa (eles sempre dizem que vão pegar alguma coisa, mas na verdade vão tomar café e fofocar). Era tudo tão mais fácil quando eu só me preocupava em não pegar piolho das gurias da escola, comprar chiclete que vinha com tatuagem e desenhar relógio no pulso com a caneta BIC do meu pai, e quando o episódio de Dragon Ball Z do dia seguinte era a única perspectiva de futuro que eu tinha na cabeça. Quando a única coisa de dinheiro que eu entendia era que era só ir no banco que já pegava o dinheiro, que o Kinder Ovo era 1 real e o Cornetto 3. Pois é, hoje o Kinder Ovo é 5 reais e o Cornetto 7. Não tinha que aguentar nada disso que eu aguento agora. Era tudo tão simples: deitar no colo do meu pai, fechar os olhos, ficar segura e que se foda o mundo lá fora. Não tinha cocota, nem playssons, nem bebê, nem gente fedida, nem fumante, nem futuro, nem professor, nem nada que atrapalhasse a minha vida. Era só eu no colo do meu pai. Sabe, eu nem to pedindo muita coisa. Não é dinheiro, beleza, namorado... Nada disso. Só quero o colo do meu pai de novo.

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