Costumo dividir as pessoas em três categorias: as aceitáveis (cerca de 1/96817361340345 da população), as falsas e as inconvenientes. Considero como "aceitáveis" as pessoas que possuem um nível razoável de semancol e sinceridade (as pessoas que são inteligentes, lindas, tem bom gosto, etc, são mais do que aceitáveis e podem comparecer imediatamente a minha casa, se quiserem). Eu sou meio tapada e quase nunca percebo quando a pessoa tá sendo falsa (sim, eu sou desligada a esse ponto). Só sei que ser chamada de querida é uó, maior falsidade impossível. Mas pera aí: querida não é um jeito afetivo de se referir a alguém? Isso não tem lógica, mas é assim que as coisas são e fim. Eu rodo a baiana quando alguém me chama de querida (na verdade eu só fico puta, mas "rodo a baiana" me soou mais legal). Falsidade e mulher são como unha e carne, computador e internet, professor e falta de sexo, escola e tédio, minha mãe e chatisse, eu e belez... mas pera aí. Enfim, falsidade é uma coisa da qual todos nós entendemos (menos eu), então não vou ficar falando disso aqui (vamos fingir que eu não vou falar de falsidade porque todo mundo sabe do que se trata, e não porque eu mesma não sei falar de falsidade). Pessoas inconvenientes poderia ser o nome da minha escola. Ficaria melhor (e mais sincero) do que o nome atual. Sabe quando você tá quieta no seu canto e fulano chega perguntando qual o seu twitter? E você é praticamente obrigado a mentir que não tem twitter? Que coisa chata. Eu tenho a leve impressão de que inconveniente é o nome do meio da minha mãe, e ela me esconde isso. Só pode ser isso. O que faz uma mulher adulta com três filhos dizer "QUE CHEIRO DE BOCETA AZEDA" quando chega em casa e vê eu e as minhas amigas no quarto? Eu juro que não entendo. Ou então quando ela resolve dar uma de mãe-engraçada-e-enturmada e começa a conversar com as minhas amigas sobre gatinhos. Sim, minha mãe chama meninos de gatinhos. Ela olha pra TV, aponta pra algum cara e diz "olha só que gatinho". Dois segundos depois ela vira pra algumas das minhas amigas (pra mim não, porque no momento eu to com a cara em qualquer lugar menos na TV) com uma expressão hein-hein-eu-sei-que-voce-concorda-comigo-hein-hein. Meu pai também tem um lado meio inconveniente (cerca de 99,9% dele, isso quando ele não tá bêbado... eu nem vou comentar o que acontece quando ele tá). Uma roda de amigos. Eu. Ele. Minha mãe. Meu irmão. Minha irmã. Todo mundo ali, junto. Adivinhem a frase que ele resolve dizer? "A natália só vai casar com mais de 50 anos. E só vai poder sair de casa sozinha com o namorado aos 39". Ele diz isso em 60% das jantas que a gente tem com os amigos dele. Uma vez a gente tava viajando, tava tocando música e todo mundo cantando, maior descontração etc e tal. Óbvio que eu me empolguei um pouquinho e comecei a gritar feito um babuíno boboca balbuciando em bando. Meu pai virou pra trás, fez uma expressão de ganhei-na-mega-sena, olhou pra minha mãe e disse "bem, a natália canta bem". Claro que todo mundo no carro olhou pra mim, e meu pai me mandou cantar. Sim, ele me mandou cantar. E ainda me chamou de chata quando eu me recusei a cantar pra todo mundo avaliar se eu cantava bem ou não. Minha avó também sabe ser inconveniente, aquela linda. Mas é um inconveniente legal, do tipo que só ela consegue ser. Hoje mesmo ela começou a me interrogar.
Conversa entre eu e minha avó ás 15h no sítio da minha tia:
- Vamo embora logo vai
- Pra que? Que que você vai fazer lá, Natália? Por acaso você tem algum namorado?
- Não vó, não tenho.
- É o filho do carreira né?
- Não, vó.
- Então é o filho do Mauro. Certeza.
- Não, vó. Não é ele.
- Ah, então quer dizer que tem alguém?
- NÃO VÓ, NÃO TEM NINGUÉM. VAMO EMBORA AGORA????
- Tá bom. Tá.
Tem a minha tia também, que sempre me faz ir dar um beijo nela quando me vê na rua (mesmo que eu esteja a metros de distância), e o meu avô que tem crises de carência e começa a fazer drama quando eu digo "oi" e não abraço ele. Aliás, se eu continuar falando, vou acabar citando a minha família inteira. Aliás, acho que sou adotada. Acho também que o sobrenome da minha família devia ser inconveniente. Bom, nós não somos do tipo mais aceitável, mas também não somos falsos. Ah, com certeza eles não são falsos. E eu realmente me orgulho deles.
sexta-feira, 22 de abril de 2011
quinta-feira, 24 de março de 2011
Os zumbis resolveram sair dos filmes.
Uma coisa que me tira do sério (sempre achei essa expressão engraçada, tipo me tiraram do sério = eu estava com o sério e aí alguém me separou do sério a força, portanto me tiraram do sério) são essas pessoas sem vida que resolvem cuidar da vida dos outros. Eita coisinha irritante, viu. Existem vários termos para defini-las: fofoqueiras, intrometidas, inxiridas (não sei escrever isso). Eu, particularmente, chamo elas de "zumbis". É, zumbis. É assim que se chamam as pessoas sem vida, certo? Como se já não bastasse falar da sua vida, INVENTAR coisas sobre a sua vida, elas resolvem opinar sobre o que você faz ou deixa de fazer. Olha só, eu não me importo que opinem sobre minha vida, que falem sobre ela, que inventem coisas absurdas. Mas tem algumas condições. Primeiro que se a pessoa tá tão interessada na minha vida, ela tem que viver ela. Mas viver MESMO. Tem que enfrentar os meus problemas e coisa e tal, tem que acordar de manhã e ser obrigada a comer, como eu sou todos os dias. Tem que ouvir ladainha da minha mãe, tem que sentir a cólica que eu sinto, tem que limpar a bunda do meu irmão. Segundo que ela tem que pagar alguma coisa, porque no mundo de hoje até a água que você bebe (a água que você come é que não vai ser) é cobrada. E vamos combinar que a minha vida é mais importante que um copo de água (ou não). As pessoas querem mandar no que você come, veste, diz, pensa, faz, TUDO. Daqui a pouco eu vou estar no banheiro cagando e vai chegar alguém me dizendo que não é assim que se caga. Assim não dá gente, é sério. Criticar é uma coisa, se intrometer é outra. Criticas são construtivas. Intrometimentos são letais (letais é um termo meio exagerado, porque são poucas as pessoas que vão se intrometer na vida de um serial killer). O que mais irrita é que não são os seus amigos, seus parentes ou pessoas próximas a você que se intrometem na sua vida. São pessoas que não convivem com você, que não te conhecem e que saem te julgando como se elas valecem alguma coisa. A verdade é que o ser humano não resiste a uma fofoca, a um barraco ou a qualquer outra coisa que envolva desgraça alheia. Só acho que ultimamente as pessoas estão exagerando demais, estão pra frente demais, sem vergonha nenhuma. E eu garanto que um pouco de bom senso não faz mal a ninguém. Portanto, tentem pensar duas vezes antes de enfiarem os narizes de vocês onde não são chamados. A não ser que vocês queiram eles quebrados.
@saumenscch. (mudei o username)
@saumenscch. (mudei o username)
segunda-feira, 14 de março de 2011
Filmes de comédia que não te fazem rir.
Vou confessar pra vocês que não foi por falta de vontade que não vim postar aqui, mas por falta de criatividade. Não se passava NADA em minha cabeça. Eu tentava escrever e não conseguia. Me senti a pessoa mais inútil do mundo. Mas vou tentar reabilitar o meu hábito de escrever. Há alguns dias meu pai foi até a locadora e ele quis locar um filme de comédia. Se ele não alugasse o filme de comédia acho que ia passar mal, porque ele queria muito alugar um filme. De comédia. Ele escolheu um filme que eu não me recordo o nome mas era um dos filmes mais babacas que eu já ouvi falar. Eu não assisti. Só um pouco do início e olhe lá. Mas me recordei de outros filmes que eu já assisti, e fiz uma comparação. Não entendo por qual motivo-razão-ou-circunstância que os diretores fazem um filme classificado "comédia" sendo que o mesmo não é de comédia? Podemos dizer uma comédia barata. Muito barata. E muito babaca.
Definição.
humor babaca: filme em que o diretor tem uma mente menor do que a de um inseto, e na verdade não sabe escrever filmes. Muito menos de comédia. Ops, não podemos chamar de comédia não é mesmo meus amigos?
Tenho quase certeza que vocês já assistiram um filme assim, ou não. Se você irá fazer um filme de comédia, POR FAVOR FAÇA UM FILME DE COMÉDIA DE VERDADE. Vou dizer para vocês que não sou fã de filmes de comédia, mas também não desprezo.
Se você é um diretor ou roteirista: por favor, filmes de comédia tem que ser engraçados, e não babacas. E desculpem-me pelo pior post da minha vida, que vocês acabaram de ler. Até mais. @withoutanylink.
terça-feira, 8 de março de 2011
A costela com super-poderes.
Nada mais merecido do que o dia da mulher. Acho até mais digno que o dia do trabalhador, dia dos namorados, dia da avó, dia do sei-lá-o-que. Afinal, mulher é meio que tudo isso, não é mesmo? Ela é trabalhadora, é namorada, é avó. Até pai mulher é. Ou você acha que é fácil ser mãe solteira? Não é mole não. Como se isso já não bastasse, tem aquelas coisas mínimas e "quase nada desagradáveis" como menstruação, depilação, auto estima, celulite, estria, calorias e regime. E outras "quase nada agradáveis" como refrigerante, chocolate e pizza, coisas das quais somos proibidas por nós mesmas de usufruirmos. Quem tem que cuidar dos filhos? A mulher. Quem tem que emagrecer como se não houvesse comida? A mulher. Quem tem que ficar horas procurando a roupa perfeita? A mulher. Quem tem que tirar a sobrancelha e se depilar? A mulher. Quem tem que ficar com um absorvente socado no meio das pernas todo mês? A mulher. E ainda nos denominam como sexo "frágil". FRÁGIL É O CACETE. Nós devíamos ser conhecidas como sexo super, sexo master, sexo foda, sexo poderoso, sexo qualquer coisa, menos frágil né, pelo amor de Deus. Uma coisa que eu também acho digna de ser falada aqui é o fato de termos que aguentar nós mesmas. Ô bichinho falso, esse tal de mulher. Nós não ficamos bonitas para os homens, nós ficamos bonitas porque existe uma disputa de beleza entre mulheres desde que o mundo é mundo. É algo como "a mulher mais bonita é superior". E beleza, para as mulheres, é sinônimo de magra. Quando uma mulher diz que "adorou o seu vestido" das duas uma: ou ela odiou e tá sendo falsa, ou ela ta morrendo de inveja e quer te dar um soco. Mas ok, voltando aos elogios: a mulher é quase uma heroína. Eu, particularmente, acho que ser mãe é um super-poder. Não é fácil ficar nove meses com um troço dentro de você te fazendo vomitar, ficar super sensível (gravidez é quase uma tpm infinita) e pior: ficar gorda. Parecer um mamute por nove meses REALMENTE é algo da qual nós podemos nos orgulhar. E como se isso não bastasse, tem a dor do parto. Sempre comparei parto normal com um super cocô com vida saindo de você, só que pelo outro buraco. Se não for parto normal, você é cortada ao meio e tem que guardar repouso, não pode fazer movimentos bruscos, fica toda costurada e o caralho a4. Isso tudo pra ter um filho que só vai te dar trabalho, mas que você vai amar incondicionalmente e nada será mais importante do que ele. É tão mais fácil ser homem e só se preocupar em coçar o saco e ter o pinto grande. Vou ficando por aqui, com um sincero Feliz Dia das Mulheres para todas nós. Se eu fosse presidenta, ia tentar mudar o nome de Feliz Dia das Mulheres pra Feliz Dia das Heroínas, nada mais justo do que isso. Mas, como eu (ainda) não sou presidenta, vou me contentar. @_twotwok.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Consultórios.
Cheguei a conclusão de que médicos fazem algum curso intensivo de como-fazer-seus-pacientes-esperarem-na-sala-de-espera. Aliás, acho até que metade da faculdade é dedicada a essa área. Seu horário é as 14:00h, você chega as 13:55h e é atendida ás 16:30h, isso se você tiver sorte e não chegar no "horário de pico". Não seria tão ruim se na sala de espera tivesse gente bonita, estilosa e legal, se tivesse passando Supernatural na TV e se tivesse ar condicionado. Mas não, pra piorar a situação a maioria das salas de espera são formadas por velhos, bebês e gente fedida que não sabe o que "falar baixo" significa, sem contar que se tiver ventilador já é sorte, imagina ar condicionado. E adivinhem o que passa na TV? Xuxa e o mistério da Feiurinha, e a sua mãe ainda tem a audácia de virar pra você e falar: "olha lá o que tá passando na TV, que legal!" esperando que você faça uma cara do tipo caralho-meu-sonho-se-realizou. Mães não são legais em salas de espera, aliás, mães não são legais em nada, mas elas conseguem se superar nas salas de espera. Pior é quando elas começam a conversar com aquela famosa mulher-gorda-da-sala-de-espera e decidem te "apresentar" pra ela, aí você tem que dar o seu melhor sorriso, como se o fato de estar em uma sala de espera fedida e cheia de gente feia te agradasse. Outra figura essencial nas salas de espera é a velha-nojenta-reclamando-da-vida. Uns dias atrás eu acompanhei a minha mãe em um médico de varizes e tinha uma velha (se é que eu posso chama-la de velha, porque aquilo estava mais para múmia do que para qualquer outra coisa) que quando andava, o joelho dela se deslocava, ou seja, metade da perna ia pra um lado, enquanto a outra metade ia pro outro lado. Quando eu fui olhar pro pé dela, quase vomitei. Um pedaço do pé dela estava na carne viva, como se um cachorro tivesse mordido e arrancado fora. Já é ruim ir ao médico, esperar milénios pra conseguir fazer isso com uma múmia sentada do seu lado nem se fala. Aí você espera duas horas e meia por uma consulta de quinze minutos, onde a unica coisa que o médico faz é te dar um "remédinho pra passar a dor". Assim não dá, vou precisar reclamar pro Procon ou sei lá o quê. Talvez eu crie um Sindicato da Sala de Espera. Mas acho que até lá eu vou ser obrigada a respirar o mesmo ar que uma múmia (múmias respiram?), fazer o quê, é a vida (ou a morte, no caso da múmia).
@twotwok_
@twotwok_
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Pré-animação-e-depressão-para-começar-as-aulas
Não sei se vocês já começaram as aulas, mas enfim. Na semana passada fui comprar meus materiais para a porra da escola. Sim. E enquanto eu escolhia os cadernos etc, ficava lembrando quando eu tinha uns oito anos e ficava tipo muito animado pra ir pra escola. Muito animado mesmo. Eu sentia essa vontade depois de comprar os materiais né. Só depois mesmo, porque o resto do ano eu queria que acabasse as aulas. Nos meus nove anos de escola (sim, estou na oitava série) sempre fiquei animado depois de comprar meus materiais. E praticamente é assim todos os anos. Menos esse. No início das aulas, sempre tem aquela animação e depressão. Pelo menos pra mim.
Animação.
1º: por rever meus amigos.
2º: por começar a escrever nos cadernos.
Sim meus caros leitores. Sou babaca e ficava ansioso pra começar a escrever nos cadernos.
Depressão.
1º: acordar cedo.
2º: ver a cara dos professores.
3º: ver as pessoasidiotas da escola.
Na boa, não gosto de mais de 90% das pessoas que estudam na minha escola. É muito raro eu encontrar alguém que eu possa compartilhar informações sobre tudo. A maioria das pessoas não gostam das mesmas séries/músicas/filmes que eu gosto então fica difícil. Quando começa as aulas, sempre fico naquela expectativa que eu encontre alguém que eu possa compartilhar as informações. Mas as chances são tipo 0,00001% na verdade. Então por mais esse motivo, minhas aulas são definitivamente um lixo. Juntamente com minhas atuais férias.
Acho que vou parar por aqui, porque já falei muita merda etc. Flw @withoutanylink.
Animação.
1º: por rever meus amigos.
2º: por começar a escrever nos cadernos.
Sim meus caros leitores. Sou babaca e ficava ansioso pra começar a escrever nos cadernos.
Depressão.
1º: acordar cedo.
2º: ver a cara dos professores.
3º: ver as pessoas
Na boa, não gosto de mais de 90% das pessoas que estudam na minha escola. É muito raro eu encontrar alguém que eu possa compartilhar informações sobre tudo. A maioria das pessoas não gostam das mesmas séries/músicas/filmes que eu gosto então fica difícil. Quando começa as aulas, sempre fico naquela expectativa que eu encontre alguém que eu possa compartilhar as informações. Mas as chances são tipo 0,00001% na verdade. Então por mais esse motivo, minhas aulas são definitivamente um lixo. Juntamente com minhas atuais férias.
Acho que vou parar por aqui, porque já falei muita merda etc. Flw @withoutanylink.
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Quem me dera ter seis anos pra sempre.
Não sei vocês, mas eu tive uma infância muito boa. Tudo bem que eu não ficava o dia inteiro brincando, me sujando, sorrindo e fazendo arte como nas propagandas de sabão em pó, mas pra que fazer isso se existe teletubbies, não é mesmo? E quando teletubbies acabava, tinha pica pau. E depois chaves, power rangers, bob esponja, três espiãs demais, meninas super poderosas, baby looney tunes, sítio do pica-pau amarelo, pokemon, meu amigo da escola é um macaco, etc etc. Lembro da sensação que eu sentia segundos antes de abrir o kinder ovo, aquela ansiedade e expectativa, só pra depois vir a frustração por ter ganhado mais um brinquedo repetido. Eu comprava a revista Recreio só por causa dos brinquedos. Aliás, eu sempre comprava TUDO só por causa dos brinquedos. Fazia minha mãe comprar aquelas sandálias ridículas que eu sabia que nunca iria usar só pelo brinquedo. E ir ao mercado e ficar sem comprar uma pitchula era pior que morrer. Não que eu já tenho morrido, claro. Odiava o fato de ser café com leite no esconde-esconde e pega-pega. Odiava e amava, na verdade. Era muito bom vencer sempre, mas o sentimento de inferioridade era um saco. Amava a sensação de conseguir roubar a bandeira quando a gente brincava de rouba-bandeira. Pra falar a verdade, eu mais parecia um moleque. Odiava bonecas. Odeio até hoje, aliás. Nunca fui fã de carrinhos, mas uma bola era tudo que eu precisava pra ser feliz. E eu sempre fui o marido quando a gente brincava de casinha. As minhas primas nunca queriam ser o marido, então eu tinha que ser. A minha parte preferida era chegar em casa e falar "querida, cheguei". As vezes eu dava um surto e conseguia ser a esposa. Adorava fazer comida. Mas nada supera a sensação de ficar horas construindo a casa e, quando finalmente conseguir terminar, derrubar tudo em segundos. AAAAH E EU NÃO POSSO ESQUECER AS VEZES QUE EU PEGAVA A CABEÇA DA MINHA IRMÃ E SOCAVA NA PAREDE NÉ AWWWWWWWW. Se eu fizesse isso agora, ficaria sem vida. Mas ok né, a gente supera. O que me revolta é que a parte legal de ser criança acabou, mas a parte chata ainda tá firme e forte. Ainda tenho que escutar os famosos "como você cresceu", "eu limpei a sua bunda" e "lembra de mim? eu peguei você no colo, aw". Se eu fosse grossa e respondesse o que eu realmente pensasse quando era criança, todos iriam rir e achar bonitinho. Mas ai de mim se eu fizer isso agora. É suicídio. Junto com a idade vem as preocupações e responsabilidades. Pior: as estrias, as celulites, a menstruação, os gritos da minha mãe. Pior ainda: não poder fazer birra, chorar no mercado pra sua mãe comprar yakult, toddynho e danoninho. Pior que tudo: ser chamada de aborrecente. Enfim, se vocês souberem como se faz pra voltar a ser criança, entrem em contato.
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