terça-feira, 13 de julho de 2010

tear

Um beijo negado. Neve. Mãos molhadas. Bilhetes. Uma carta. Lágrimas.
Foi assim que começou, e foi assim que terminou.
Apesar da neve, Laura não sentia frio, pelo contrário, se sentia quente, tão quente que queimava. Ela e Caio estavam sentados no parque, embaixo de uma árvore, e apesar do frio, estavam confortáveis. Era sempre assim, ela sempre se sentia confortável com Caio, ele era seu melhor amigo, seu diário. O céu mudou de cor, a neve caía cada vez mais, e mesmo assim, eles não foram embora. Caio segurou a mão de Laura, como sempre fazia, mas dessa vez foi diferente, a mão dele estava suada, quente, e tremia.
- Que foi bebê? – perguntou a garota.
- Preciso te contar uma coisa.
- Fala.
Caio suspirou.
- Eu mudei com você. Comecei a só pensar em você, só querer você, te ver a cada momento, e é só isso pra mim agora: você. Laura, eu te amo, e estou apaixonado por você.
Ele se inclinou para beijá-la, ela se esquivou, mas não soltou sua mão. Então, depois de uma vida de silêncio, ela falou:
- Eu amo você. Mais que tudo e todos. Mais do que a mim mesma. Adoraria sentir o mesmo por você, mas não sinto. Não te amo da mesma forma, e apesar de ter sido o melhor você ter me contado, quebrou a magia que tinha entre nós. Eu preciso de um tempo. Você sempre será meu melhor amigo, Caio. E sempre será a sua mão que vou querer segurar.
Com a voz de quem só confirmou o que já sabia, ele deu-lhe um beijo na testa, e respondeu:
- Prometo sempre estar aqui para segurar sua mão.
Naquela noite, Laura não chorou. Nunca chorava, nem quando seu pai morreu. Desde que nasceu nunca chorou. Porém, naquela noite, ela queria mais do que tudo chorar.
Quando acordou, havia um bilhete colado na janela, ela não conseguiu evitar o sorriso. Caio, fazia dois anos, vinha de manhã, e colava um bilhete na janela, hoje não seria diferente. Quando olhou o bilhete, ficou confusa, não havia palavras, só o desenho de uma mão. O papel estava molhado, eram lágrimas.
Uma vez, Caio disse que gostava de lágrimas, eram limpas e salgadas, e Laura sentiu vontade de chorar depois de ouvi-lo. Ela guardou o bilhete no bolso, e não na gaveta, como sempre fazia. Não entendeu o porquê.
Laura não viu mais Caio. Passou-se um ano. Foram 365 bilhetes de bom dia, 364 estavam na gaveta, e um deles, continuava no bolso, sempre com Laura.
Em uma manhã, o bilhete a assustou. Era o endereço do parque, e o horário exato em que ele contou que a amava naquele último dia em que se viram.
A garota passou angustiada o resto do dia, e quando chegou no parque, só havia uma carta:


Olá minha vida. O sol está se pondo, não é lindo? Sabe, o sol me lembra você. Ele é a luz e o calor do mundo. E você é, e sempre será, a luz e o calor do MEU mundo. Sabe, não achava que isso ia acabar assim. Meu coração foi negado pela única pessoa a quem eu queria dá-lo, mas mesmo assim, ele é seu, e sempre será. Então eu lhe peço, cuide bem dele, com todo amor e carinho. Perdoe-me por este ato irracional. Viver todo esse tempo sabendo que você não me amava da mesma forma tem sido como ser queimado, e cada dia é uma chama mais quente. Ver você passando na rua, e não poder te tocar, é tão doloroso que prefiro não ter olhos, pois assim, não poderei vê-la. Eu não vivo, eu apenas existo. Como por comer, respiro por respirar, ando por andar, durmo por dormir. A única coisa que me motiva a abrir os olhos todas as manhãs é escrever um bilhete de bom dia á ti. Quando você voltar para casa, não existirei mais. Não há sentido em existir sem você. É insuportável dizer adeus ao meu primeiro e único amor, mas nos encontraremos de novo, sei disso. Peço-lhe que me perdoe por isso, e por tudo o que eu te fiz passar. Amanhã cedo, você não receberá bilhetes, mas acho que você já os tem em quantidade suficiente. Mesmo não te mandando bilhetes, desejo que todos os dias de sua vida sejam felizes. Acho que com isso, todas as peças irão se encaixar, e tudo irá melhorar. Saiba que eu te amo, e sempre vou te amar. Não se preocupe comigo, estarei bem, e vou cuidar de você a onde quer que eu esteja. Se um dia você precisar, minha mão sempre estará naquele bilhete. Desculpe por chorar e borrá-la. Mesmo que você não me veja, poderá me sentir, sentir minha mão, que estará sempre segurando a sua.
Com todo o amor que sempre vou sentir, teu Caio.

Laura sentiu raiva. Se ele era seu, porque iria abandoná-la? Ele era dela, sempre seria. E tinha que estar presente. Simplesmente TINHA. Era surreal e cruel pensar o contrário. Mas ela sabia que era tarde demais. Então, ela murmurou, e sabia que onde ele estivesse, iria ouvi-la:
- Eu também estou apaixonada por você. Sempre estive. Desculpe se demorei muito para descobrir.
Dizendo isso, ela olhou para baixo, para a mão que segurava a carta, e sentiu uma coisa quente cair ali. Era uma lágrima. A lágrima que só Caio conseguiu produzir, a lágrima dele. A mais linda e dolorosa de todas as lágrimas.






Enfim, esta é uma história que eu fiz porque eu sou uma inútil que não tenho nada pra fazer e amo escrever. Peguei algumas idéias do @leeeob pra fazer a carta, e o resto eu fiz sozinha mesmo. Espero que gostem, xx. @natspq

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